Portfólio

Tuesday, September 25, 2012

Psicopata Americano (Bret Easton Ellis, 1991)

“…há uma idéia de um Patrick Bateman, uma espécie de abstração, mas não existe um eu real, apenas uma entidade, algo ilusório, e embora eu possa esconder meu olhar frio e você possa apertar minha mão e sentir a carne apertando a sua e talvez você possa até pensar que podemos comparar nossos estilos de vida, eu simplesmente não estou aqui. É difícil para mim fazer sentido em qualquer nível dado. Meu eu é inventado, uma aberração. Sou um ser humano nada contingente. Minha personalidade é vaga e informe, minha falta de sentimento é profunda e persistente. Minha consciência, minha piedade, minhas esperanças desapareceram há muito tempo (provavelmente em Harvard), se é que jamais existiram. Não há nenhuma outra barreira a ser vencida. Tudo o que tenho em comum com o incontrolável e o insano, o cruel e o mal, todo o horror que causei e minha total indiferença a ele, já superei. Porém, acredito ainda numa terrível verdade, ninguém está a salvo, nada é redimido. Contudo, sou isento de culpa. Devemos pressupor uma validade para cada modelo de comportamento humano. Você é o mal? Ou é alguma coisa que você faz? Minha dor é aguda e constante e não espero um mundo melhor para ninguém. Na verdade, posso desejar muita dor para os outros. Não quero que ninguém escape. Mas, mesmo depois de admiti-lo - e já o admiti muitas vezes, quase em todos os atos que cometi -, e enfrentando essas verdades, não há catarse. Não adquiro um conhecimento mais profundo a meu respeito, nenhuma nova compreensão pode ser tirada se eu contar para alguém. Não há nenhuma razão para que conte tudo isso. Esta confissão não significa coisa alguma…”

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