Portfólio

Monday, February 18, 2013


Não foi só o cheiro que mudou, foi todo o resto, mas a forma de guardar os talheres continua a mesma, claro. Há muito mais ali. Existe uma vista que é completamente diferente, o jeito de guardar as roupas é novo, agora em malas. Um amontoado de coisas soltas e largadas, irresolvíveis. Não tem como por ordem em nada, está tudo diferente, e completamente bagunçado. As caixas, as madeiras, os cabides, nada mais existem, e se um dia voltarem, serão novos. Mas como não há nada certo, por ora, continuarão sem existir.

O cheiro é outro, as palavras, desconhecidas, as pessoas, desimportantes, ou importantes em excesso. Tudo está em excesso. A fome é pouca, mas a vontade de comer é intensa. O desejo vibra muito além do que jugou ser possível outrora. 

Está em seu quarto novo, quieta. Atrás da porta há um barulho ensurdecedor, o volume da TV está alto, mas não tem vontade de pedir para baixar. Apesar dos desejos pulsarem em toda a sua entranha, nada a faz sair daquelas paredes, atravessar aquela porta nova, de um tom completamente diferente.

Mas é o cheiro que realmente incomoda, ou a falta dele, ainda não consegue identificar algum cheiro naquele lugar. É a falta de um cheiro novo (ou de qualquer um que seja familiar) que torna tudo vazio. 

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