Portfólio

Wednesday, January 31, 2007

Vivemos nem estranho e maravilhoso universo. Apreciar sua idade, tamanho, violência e beleza exige uma imaginação extraordinária. O lugar que nós, seres humanos, ocupamos neste vasto cosmo pode parecer bem insignificante e, portanto, tentamos dar um sentido a tudo isso e ver onde é que nos encaixamos. Algumas décadas atrás, um cientista famoso (alguns dizem que teria sido Bertrand Russell) deu uma palestra pública sobre astronomia. Ele descreveu como a terra gira numa órbita ao redor do sol e como o sol, por sua vez gira ao redor do centro de uma vasta coleção de estrelas que chamamos de galáxia. No final da palestra, uma velhinha, no fundo da sala, levantou-se e disse: “O que nos disse é uma bobagem. O mundo é, na verdade um prato chato apoiado nas costas de uma tartaruga gigante”. O cientista lançou um sorriso superior antes de replicar: “E a tartaruga está em pé sobre o quê?” “Você é muito esperto, meu jovem, muito esperto”, disse a senhora “Acontece que são tartarugas da cima a baixo!”.
Hoje em dia, a maioria das pessoas acharia bem ridícula a imagem do nosso universo como uma torre infinita de tartarugas. Mas por que deveríamos supor que nosso conhecimento é melhor? ...

Stephen Hawking, Uma nova história do tempo.

Friday, January 26, 2007

E não é a coisa comum que constrói aos poucos nossos dias ??
Estou a um tempo pensando em como falar sobre algumas questões que julgo pertinente, mas na verdade possuo um tanto de desinteresse por expor idéias novas, até porque elas não me parecem claras. Ando percebendo o quão são dúbias as classificações que por vezes me pego fazendo ao correr de minhas horas diárias. Talvez elas sejam um tanto desnecessárias. Penso que a partir do momento em que passo a julgar isto ou aquilo pelo que essa coisa aparenta ser perco um pouco do que ela realmente é, uma vez que jogo uma carga efetiva de pensamentos que são inteiramente meus, por vezes me pego julgando algo de acordo com minhas experiências sobre determinadas coisas... Acredito então que para haver uma quebra de padrões e de pensamentos comuns, existe em mim uma necessidade de me firmar em uma não classificação de coisas em geral, uma vez que penso que se conceitualizo antecipadamente o meu entorno, acabo por não vislumbrar o novo. O ato que qualificar em muitas ocasiões acaba por fechar pensamentos e por construir preconceitos. Esse processo é um tanto quanto complicado e interessante.

Tuesday, January 23, 2007

Tenho no normal dificuldades para começar um algo ... para terminar penso que talvez seja um tanto pior ...

Wednesday, January 17, 2007

Água Perrier

Não quero mudar você
nem mostrar novos mundos
porque eu, meu amor,
acho graça até mesmo em clichês.
Adoro esse olhar blasé,
que não só já viu quase tudo,
mas acha tudo tão déjà vu
mesmo antes de ver.
Só proponho
alimentar seu tédio.
Para tanto, exponho a minha admiração.
Você em troca cede
o seu olhar sem sonhos
à minha contemplação:
Ai eu componho uma nova canção

Adoro, sei lá por que,
esse olhar meio escudo
que em vez de qualquer álcool forte
pede água Perrier.

Wednesday, January 10, 2007

Conversas ...

Renata: É inerente ao homem essa busca interminável por um algo, ao qual algumas vezes chamamos de felicidade, essa busca faz parte do foco libidinal, atrelamos a ele uma importância quase que essencial. O objeto de desejo realmente varia a cada ser humano, e no único ser humano varia de épocas e circunstancias, algumas vezes focamos na música, no namorado, na faculdade... Gosto quando se diz que para se alcançar realmente um estado pleno se faz necessário o gozo de uma não busca desejosa. Ou seja, vivamos sem nos preocupar com o alcançar o objeto desejado, não de uma forma penosa. Porque realmente não podemos satisfazer àquilo que está em constante transformação, ao que muda de foco de tempos em tempos. Está fora de nosso alcance o controle. Decidir ser feliz, ao meu ver é encontrar o equilíbrio entre o foco e a busca.

Leo: Como alcançar algo que sempre está mais a frente ? Está projetado e só mesmo isso ? Sempre estamos em busca de algo e com uma "singular" esperança de que tudo dará certo no final (ou errado) e que busca de resultados futuros, muitas vezes tão desejado que quando alcançado perde totalmente o valor. Justamente porque o bom mesmo é a procura. Daí voce fala: e agora ? Vou buscar o quê ?A felicidade não está fora, não está mais adiante, nem esteve atrás, ela apenas é o agora, assim como a tristeza ou o tédio !


=)

Tuesday, January 09, 2007

..Tenho por princípios
Nunca fechar portas.
Mas como mantê-las abertas
O tempo todo
Se em certos dias o vento
Quer derrubar tudo?...

Monday, January 08, 2007

Do grego: arché - αρχή = primeiro ou principal, e tékton - τέχνη = construção


Andei refletindo sobre a simbologia humana que, para mim, nada mais é do que uma maneira de dar forma ao conhecimento, se fazer entendido por todos. E me vi envolta a diversas coisas as quais eu mesma já havia experenciado e estudado na faculdade de arquitetura. Costumo dizer que arquitetura é a expressão materializada do pensamento humano, das vivencias e do desenvolvimento do homem, do conhecimento que é “fabricado” em determinado momento, por uma determinada civilização. Ou seja, um símbolo utilizado pelo homem, para dizer alguma coisa sobre algo, talvez se impor, uma maneira de se deixar ficar, se perpetuar por longas datas. O espaço precisa do homem, não só para construí-lo, mas para também vivencia-lo, assim como o homem precisa do espaço ... E este por conseqüência trás sempre um legado cultural, histórico, filosófico e psicológico ... com isso caímos em um ciclo interminável, homem x espaço. Falarei melhor sobre isso em outras ocasiões.


Pensamento em formação é difícil ganhar corpo definitivo...



Arquitetura é música petrificada.
(Goethe)

Friday, January 05, 2007

Algo sobre coisas novas.

A cada dia me deparo com coisas novas, não porque realmente sejam novas, mas porque talvez eu assim queira ver tudo que me cerca. Surpreendo-me com cada detalhe novo do velho conhecido, e me irrito, e choro, e dou longas e gostosas risadas. O novo se faz presente até no caminho de casa, ao qual eu poderia ditar de olhos fechados seus pormenores. E sinto cóleras agradáveis ao imaginar que um ele é um outro desconhecido qualquer, diferente do que talvez eu imaginei e imagino, um outro que me agrada um pouco mais até ... outras vezes nem tanto assim ... vezes estas que associo a alguma coisa negativa, e isso acontece com uma certa freqüência. Talvez pensem que sou eu um ente negativista, e talvez eu realmente seja, ou talvez não... Gosto das coisas que acabam por compor meus dias, gosto até da mulher que faz questão de 0,01 centavo em seu troco e da que não paga 0,17 centavos porque acha um absurdo cobra-la tamanha quantia, gosto também de ficar horas sem ter coisas úteis para serem feitas durante as noites, e voltar para casa e sentar nesta cadeira ... só para poder acordar tarde, e ver que minha manhã foi toda preenchida com um profundo sono. E assim vai se auto construindo meus dias, minhas semanas, e meus meses, meus poucos anos. Com coisas novas a cada segundo, porque como dizem o segundo que se foi, realmente se foi ... e falando assim vem um sentimento de nostalgia, uma saudade do segundo anterior. Uma saudade do que eu conheci no passado e que ainda existe, mas não quer se mostrar por inteiro para mim. Ficaria horas falando sobre coisa nenhuma, mas tenho sono, e são 3:21 da manhã que passarei dormindo !

A fábrica do poema

Sonho o poema de arquitetura ideal
Cuja própria nata de cimento
Encaixa palavra por palavra, tornei-me perito em extrair
Faíscas das britas e leite das pedras.
Acordo;
E o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo.
Acordo;
O prédio, pedra e cal, esvoaça
Como um leve papel solto à mercê do vento e evola-se,
Cinza de um corpo esvaído de qualquer sentido
Acordo, e o poema-miragem se desfaz
Desconstruído como se nunca houvera sido.
Acordo! os olhos chumbados pelo mingau das almas
E os ouvidos moucos,
Assim é que saio dos sucessivos sonos:
Vão-se os anéis de fumo de ópio
E ficam-me os dedos estarrecidos.
Metonímias, aliterações, metáforas, oxímoros
Sumidos no sorvedouro.
Não deve adiantar grande coisa permanecer à espreita
No topo fantasma da torre de vigia
Nem a simulação de se afundar no sono.
Nem dormir deveras.Pois a questão-chave é:
Sob que máscara retornará o recalcado?